Na alegria e na tristeza! Pra demitir sexteto, Jô marcou reunião em casa; Chiquinho relembra histórias

Por Gabriel Gontijo

Integrante do “Sexteto do Jô” por 16 anos, o trompetista Chico Oliveira, o Chiquinho, é mais um artista a lamentar a morte de Jô Soares. Em conversa exclusiva com o Vipei!, o instrumentista recordou a forma “surpreendente” de como surgiu o convite para integrar a banda por parte do apresentador, após uma “canja”.

“O convite surgiu de forma surpreendente. Eu trabalhava com a Elba Ramalho e, em 1998, após uma entrevista dela no programa, dei uma canja e depois ele me chamou para fazer parte do grupo. E desde então a relação sempre foi de muito profissionalismo e aprendizado”, comenta.

Chiquinho não tem dúvidas em afirmar qual foi a razão do sexteto ser tão unido: o profundo conhecimento que Jô Soares tinha sobre música. Para o instrumentista, esse foi o grande segredo do grupo ter alcançado tamanho sucesso durante o tempo em que o programa esteve no ar.

“O que mais me atraiu e me uniu ao Jô nesses anos todos foi o fato dele também ser músico. Isso deu uma aproximação muito grande, pois ele conversava com a gente de igual para igual. Então, os assuntos eram os mesmos de música: orquestra, instrumento, partitura e cantores. Tudo isso nos deixava muito ligados. Foi sensacional”, lembra o instrumentista.

“Expulsão” de Bira nas entrevistas

Questionado sobre alguma lembrança marcante dos tempos de programa, Chiquinho relembra, sorrindo, das vezes em que Jô Soares tinha que “expulsar” o saudoso Bira, que morreu em 2019, durante alguma entrevista. O trompetista explica que todos os integrantes do sexteto tinham que se manter concentrados durante as entrevistas para, quando o apresentador chamasse alguém do conjunto, todos os instrumentistas estivessem atentos para participar de alguma situação durante o programa. Mas nem sempre isso dava certo.

Ainda de acordo com Chiquinho, quando o entrevistado abordava algum assunto “chato” ou a conversa não rendia de jeito nenhum, ainda que o tema fosse relevante, o grupo trocava piadas entre si e Bira, o baixista, não conseguia segurar o seu tradicional riso.

“Quando tinha alguma entrevista que dava algum cansaço, que não rendia, a gente falava qualquer besteira e o Bira caía na risada. E era aquela gargalhada que o telespectador assistia na televisão. Era dele. E o Jô gritava no meio do programa: ‘Bira, para de rir. Corta, corta. Vamos editar! Sai daqui, Bira! Vá embora para o camarim!’. Ele xingava o Bira, que continuava rindo lá de longe. E o Jô ficava fulo da vida quando acontecia isso. Mas depois que acabava o programa, ele perguntava o que nós tínhamos falado para o Bira rir tanto daquele jeito e depois o própria Jô ria também”, relembra Chico, às gargalhadas.

Constrangimento ao comunicar demissão

O sexteto foi obrigado a virar um quarteto no início de 2015, quando a direção da TV Globo iniciou uma série de cortes na emissora. Nisso, o Programa do Jô também sofreu com algumas dispensas, incluindo os músicos do então sexteto, como Tomati, o guitarrista, e o próprio Chiquinho. O trompetista revelou como foi a conversa que teve com Jô neste episódio.

“O Jô fez questão de nos chamar à casa dele, eu e o Tomati, e totalmente constrangido, extremamente triste, tocou no assunto. A gente já desconfiava que algo iria acontecer porque sempre rolava alguma conversa sobre isso nos bastidores. Fiz questão de dar um abraço e um beijo nele. ‘Jô, tá tudo certo. Toca o teu barco lá. O que você podia fazer foi feito. Você tem minha gratidão eterna’. Foi um papo tranquilo”, detalha.

Futuro do grupo sem Jô Soares

Até hoje o programa deixa saudades em milhões de telespectadores no Brasil e há quem fique na expectativa do grupo se voltar a se apresentar pelo país, como acontecia ocasionalmente durante os tempos de televisão. Mas o primeiro baque veio com a partida de Bira. E com a morte de Jô Soares, ainda há essa possibilidade?
Sincero, Chiquinho reconhece que isso é bem difícil a partir de agora.

“Eu acho muito difícil uma volta do grupo. Primeiro, o que mantinha o grupo era o Jô. Ele era a liderança do conjunto. Fora do programa, o sexteto nunca deu certo justamente por falta de um cabeça, coisa que o Jô sabia fazer muito bem. Além disso, o Birinha foi ‘embora’, o Miltinho tá em Juiz de Fora (Minas Gerais) e o Tomati se mudou para Miami (Estados Unidos). Então, ficaram aqui por São Paulo eu, Derico e Osmar. Por isso que eu acho muito difícil. Até há alguns trabalhos que eu faço com o Derico, por termos uma afinidade musical muito pessoal. O Osmar também toco eventualmente em alguns shows por São Paulo. Mas é uma coisa que fica mais entre nós aqui”, comentou.

Apesar de “cada um seguir seu canto”, Chiquinho garante que todos se falam sempre.

“Nós somos uma irmandade. Então a amizade segue acima de tudo”, finalizou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Postagens relacionadas